A preservação das cidades é tema importante num mundo em que a maior parte da população é urbana. O livro de Cristiane Souza Gonçalves é referência importante, não apenas para pesquisadores e profissionais envolvidos com o assunto, mas também para estudantes e os que vivem nas cidades. Sua pesquisa sobre o conjunto arquitetônico e urbanístico de Diamantina, tombado pelo Iphan em 1938, começa por uma avaliação das práticas de preservação no Brasil, seus objetivos e escolhas, e em seguida aborda seu desenvolvimento no cotidiano daquela cidade.
Além da caracterização da Diamantina colonial, a autora fala das escolhas do órgão federal de preservação de 1938 a 1967, primeiros passos do Iphan, identificando os procedimentos empregados naquela cidade “patrimônio nacional” para a delimitação da área tombada e intervenções nos imóveis antigos e de modernização do conjunto. A cuidadosa pesquisa em fontes documentais nos leva a conhecer as relações estabelecidas no decorrer desses procedimentos, com a formação de uma rede, envolvendo as representações do Iphan – local, estadual e direção central –, a prefeitura e outras autoridades estaduais, municipais e eclesiásticas. Cristiane fala dos conflitos motivados pelo binômio desenvolvimento-preservação e de como essa rede era o lugar de tensões, entendimentos e imposições relativos à construção de uma identidade nacional, por meio da apropriação de bens selecionados pelo Iphan, a preservar, que deveriam merecer dos participantes da rede e da população local a mesma atenção, independentemente de sua compreensão a respeito do valor nacional atribuído pela instituição. A visão crítica da autora – generosa ao contextualizar as ações no período que aborda e ao reproduzir documentos que ficam disponíveis para novos estudos – vem se juntar, com louvor, a outros trabalhos sobre a preservação no Brasil, contribuindo para a atualização das práticas nos novos contextos que se apresentam.
Lia Motta
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Com a competência que lhe é própria, Cristiane Souza Gonçalves, tendo se proposto a estudar as intervenções pioneiras do Sphan/Iphan em Diamantina, realizou uma verdadeira imersão na cidade, onde passou longos períodos pesquisando em arquivos e conhecendo in loco os protagonistas de seus estudos – os bens culturais. Também realizou extensa e riquíssima pesquisa no arquivo central do Iphan, no Rio de Janeiro, onde identificou procedimentos então corriqueiros de análise dos pedidos de aprovação de projetos, muitos deles rabiscados diretamente em fotografias; e localizou documentos preciosos – cartas, pareceres, contestações –, imprescindíveis para uma avaliação fundamentada sobre os desafios enfrentados por nosso primeiro órgão de preservação, estabelecendo parâmetros essenciais para pesquisas futuras. Maria Lucia Bressan Pinheiro Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
A autora
Cristiane Souza Gonçalves é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1996. Especialista em Patrimônio Arquitetônico: Teoria e Projeto pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1998), mestre (2004) e doutora (2010) em Teoria e História da Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (fau-usp). Pós-doutoranda em História pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios – Icomos Brasil e, atualmente, diretora do Patrimônio Cultural e Natural do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). É autora do livro Restauração Arquitetônica. A Experiência do Sphan em São Paulo, 1937-1975.
Autor: | Cristiane Souza Gonçalves |
Assunto: | Arquitetura/ Urbanismo |
Editora: | Unifesp |
Ano: | 2019 |
Acabamento: | Brochura |
Páginas: | 256 |
ISBN: | 9788555710476 |
Edição: | 1ª |
Formato: | 18x26 |
Peso: | 0.610 Kg |